Vale lembrar que os
conhecimentos estudados, organizados e sistematizados pela Educação Física
encontram-se na própria maneira do ser humano movimentar-se. Por exemplo, no
caso do atleta de futebol, os conhecimentos acumulados sobre seus gestos
(significados, sentidos, potencialidades e implicações) são resultados de
inúmeras experiências, pesquisas, estudos, discussões e sistematizações ao
longo do tempo.
Esses conhecimentos - que podem
servir à melhoria de vida da população, contribuindo para melhorar o estilo de
vida e a subsidiar políticas públicas - encontram-se também registrados em
livros, revistas, jornais, almanaques vídeos, discos, fitas cassetes, quadros,
esculturas, na internet, etc., circulando socialmente por meio de textos
escritos e orais, narrativos, expositivos, argumentativos e instrucionais. Por
tudo isso, é fundamental que a Educação Física escolar incorpore em sua
metodologia a abordagem da leitura e da produção de textos, procurando
contribuir para o desenvolvimento de capacidades que, por colaborarem
substancialmente para a apropriação dos saberes, são essenciais para a leitura
de mundo e para um convívio democrático em uma sociedade letrada.
COMO TRABALHAR COM ESSES SABERES NA AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA?
1. LEITURA
Para apropriar-se dos
conhecimentos e valores relevantes da área, o aluno deve utilizar-se de
diversas linguagens - linguagem corporal/gestual, musical, das artes plásticas,
cênicas, linguagens relacionadas ao audiovisual etc. - e, sobretudo, da
linguagem verbal (escrita e falada), tanto como forma de comunicação ou como
instrumento para seu próprio aprendizado. Para isso, o aluno precisa
desenvolver capacidades de leitura e produção de textos.
Muitas vezes a diversidade de
textos está presente nas aulas de Educação Física, mas a exploração que é feita
do texto nem sempre contribui efetivamente para ampliar as capacidades de
leitura dos alunos. É exatamente a somatória dessa diversidade textual com estratégias
apropriadas para o desenvolvimento de capacidades leitoras que permitirá aos
alunos de 6º ao 9º ano aprofundarem suas práticas e seus conhecimentos a
respeito dos diversos textos que circulam no mundo em que vivem. É preciso
incentivar os alunos a lerem, o que pode ser feito por meio de comentários
sobre o texto, com um convite para uma leitura partilhada ou, ainda, partir de
uma provocação ou questionamento. São muitas as possibilidades. O professor
pode sugerir as estratégias e os alunos também.
É importante também que o aluno
leitor tenha acesso a elementos do contexto, isto é, ao momento social em que o
texto foi produzido: quem é o autor do texto, em que época viveu e escreveu o
texto, com quais autores e público leitor nele dialoga. A partir desses
elementos, os alunos poderão formular hipóteses sobre o texto, que serão
confirmadas ou refutadas durante a leitura. Dependendo do grau de dificuldade
que o texto apresenta, o professor deve oferecer informações adicionais, como
por exemplo, esclarecimentos sobre conceitos que o texto cita, mas não explica.
Professores e alunos devem também refletir sobre os diferentes objetivos que
podem orientar uma leitura: localizar dados, se distrair, fazer um resumo e
outros. É importante propiciar oportunidades para que os alunos façam seus
comentários. Nesse momento, o professor pode verificar se o texto foi bem
compreendido, e quais as relações e apreciações os alunos realizam a partir da
leitura, que outras reflexões podem ser propostas. A intenção é que os adolescentes
sejam convidados a ler textos diversos, com diferentes finalidades, para
ampliar seu universo de leituras e conhecimentos.
2.PRODUÇÃO DE TEXTOS
A produção de textos escritos e
orais também exige um trabalho cuidadoso por parte do professor. Requer,
sobremaneira, planejamento e revisão. É necessário, no momento inicial da
produção, esclarecer objetivos, a quem o texto se destina, onde será publicado,
que conteúdo deve contemplar e qual a finalidade da produção. É também
importante definir qual o gênero escolhido (por exemplo, produzirá uma notícia
ou cartazes?). Dependendo dos elementos do contexto, o gênero deverá ser
definido, bem como suas características e recursos estilísticos que podem ser
utilizados. Vale ressaltar a importância de que o aluno tenha a possibilidade
de ler ou ouvir diversos exemplares de um gênero textual, antes de ser
desafiado a produzir.
Após a produção, os alunos
precisam reler o texto verificando se atenderam a proposta feita, se o texto
está claro, coerente e correto, de acordo com as normas padrão da língua, e se
contempla os conteúdos essenciais da área demandados. Da mesma forma,
necessitam aprender a revisar e reescrever seus textos. É importante insistir
que o professor e os colegas de classe não podem ser os únicos leitores dos
textos dos alunos. Os textos devem ser produzidos tendo em vista os futuros
leitores e que sejam garantidas possibilidades efetivas de socialização:
publicação no jornal mural da escola; organização de coletâneas que podem fica
à disposição de todos na sala de leitura ou biblioteca da escola; apresentação
para os pais ou alunos de outras classes, à comunidade etc.
A importância da cultura do
adolescente e da riqueza da cultura local à qual ela se relaciona.
A definição, desde o projeto político pedagógico da
escola, da necessidade de integração entre as áreas do conhecimento.
Adriano Vieira
Licenciado e bacharel em educação física pela Universidade de São Paulo. Mestre em planejamento de políticas públicas pela faculdade de educação da UNICAMP. Autor de propostas pedagógicas para a educação física escolar. Trabalha com a metodologia do EPV desde 2005.
FONTE: http://focosjc.blogspot.com.br/2012/04/leitura-e-escrita-em-educacao-fisica.html